E
hoje eu tenho a honra de apresentar para vocês, não apenas um doc indicado ao
Oscar, mas o grande vencedor da premiação deste ano de 2017. Se você gosta de
seriados estrangeiros e não passou os últimos tempos soterrado em uma caverna, deve
estar por dentro que 2016 foi o ano de O.J. Simpson. Sim, eu não estou louca,
não estou presa em 20 anos atrás, a verdade é que o astro do esporte americano
foi resgatado para os holofotes graças ao seriado American Crime
Story e depois, ao documentário produzido pela ESPN O.J.: Made in America. A atração do canal Fox totalmente genial, saiu da mente do produtor Ryan Murphy acostumado a transformar
tudo em cultura pop de ótima qualidade. Não sei quem se organizou primeiro,
se foi Ryan ou Ezra Edelman, diretor de Made in America, mas
ambos fizeram trabalhos excelentes em retratar um dos assassinatos mais famosos
de todos os tempos, além de apresentar de forma vivida aos mais novinhos, como
foi presenciar o caso O.J. na década de 90.
O doc de quase 8 horas de duração,
foi divido em cinco partes como um seriado e vou confessar para vocês que mesmo
se tivesse 48 horas não seria nada cansativo. Com depoimentos importantíssimos,
reconstituições, filmagens da época e narrativa envolvente, O.J.: Made in
America é um deleite obrigatório para todos que são fascinados por crimes
reais, que gostaram do seriado da Fox e também, para quem tem interesse em
discutir um pouco mais sobre o racismo nem um pouco velado que ocorre no país
mais poderoso do mundo. Para quem acompanhou primeiro a série de Ryan Murphy,
vai ser muito válido assistir horas e mais horas de entrevistas com as pessoas
reais que estiveram por dentro daquele caso. Se minha memória
não falha, tirando os falecidos Robert Kardashian e Johnnie Cochran além
de Robert Shapiro, Lance Iton e Christopher Darden que não aceitaram
participar, o resto da trupe está toda presente no doc da ESPN, até mesmo Mark
Fuhrman, o policial racista até o último fio de cabelo que praticamente soltou
O.J. com as próprias mãos depois que todo o seu passado de gravações com
comentários brutalmente preconceituosos foi revelado em rede nacional.
Márcia Clark que mulherão é esse bicho |
O longa
se desenvolve com uma linha do tempo mostrando casos de violência e assassinatos
contra a comunidade negra que chocou Los Angeles no começo dos anos 90 e que
colaborou muito para a segregação que rolou durante o julgamento do século. Só para exemplificar um que eu não
sabia, teve o da adolescente Latasha Harlins, que aos 15 anos de idade
foi morta a sangue frio por uma comerciante. As filmagens que são exibidas em O.J.: Made in America, mostram o
embate das duas que termina com Latasha levando um tiro fatal quando estava de
costas. Na época, a mídia tentou retratar o caso como uma tentativa de assalto
seguida de legitima defesa, porém foi descoberto depois que a menina morreu
segurando o dinheiro que iria pagar para levar seu suco pra casa. O que houve
com a comerciante? Praticamente inocentada, sendo punida somente com um período
de condicional, multa e serviço comunitário. Isso foi apenas uma faísca do que inflamou
L.A e o que se viu depois foram revoltas atrás de revoltas colocando quase a
cidade abaixo.
Caos em L.A após a morte da adolescente Latasha Harlins |
Não muito tempo depois, o caso O.J. foi parar no tribunal e fica
muito claro no documentário que o que existia no fim das contas não era uma
busca pela verdade, mas um sentimento de vingança contra todas as atrocidades
cometidas pela justiça e pela força policial contra cidadãos negros. De fato,
uma das juradas fala agora anos depois, com todas as palavras para as câmeras
que o que ela queria era mesmo uma retaliação e por isso votou pela inocência
do jogador de futebol americano. Ou seja, analisando agora, nem se a promotoria
tivesse filmagens coloridas em Full HD de O.J. cortando a garganta de Nicole
Brown Simpson e apunhalando Ron Goldman, as chances do atleta ser condenado
teriam aumentado. A situação da época simplesmente não era propícia para isso, mas
como aqui se faz, aqui se paga, pelo menos hoje em dia ele está atrás das
grades por outras acusações, mas com toda certeza contando os minutos para
voltar ao seu posto de famoso que no fim das contas, jamais deixou de existir.
Muito
Indico: O.J.: Made
in America
Data de
lançamento lá fora: 20 de maio de 2016
Gênero: Crimes Reais, Violência, Premiados
Onde
assistir: Quem tiver
ESPN em casa, faz uma busca na grade, pois acredito que eles devem reprisar os
episódios.
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