Tower




Antes de Columbine, o massacre em Virginia Tech, Sandy Hook e outras tragédias americanas que chocaram o mundo, houve uma das chacinas mais surreais de todos os tempos: a do sniper na Universidade do Texas. Em agosto de 1966, estudantes estavam fazendo as suas atividades normais pelo campus, quando uma rajada de tiros começou de cima pra baixo deixando várias pessoas mortas e outras tantas feridas. O ataque protagonizado por um antigo fuzileiro naval, é até hoje lembrado como um dos mais assustadores e peculiar, pois o modo operante do assassino não deixou apenas um grupo refém, mas basicamente uma cidade inteira. 

No documentário Tower, lançado em outubro de 2016, podemos acompanhar por meio de animações e vídeos da época, a audácia de Charles Whitman ao subir no ponto mais alto da Instituição e abrir fogo com seu rifle nos inocentes que ali estavam apenas levando mais um dia como outro qualquer. Parece roteiro de filme, não é? Ali no alto, ele estava basicamente inalcançável, naquela época as equipes de força policial não eram lá tão preparadas para brutalidades como essas e no próprio documentário é destacado que as armas dos agentes não tinham poder de fogo para chegarem até alguém que estava a tantos metros do chão. 

Torre de onde o atirador abriu fogo contra todos ao redor. Espero que hoje em dia seja um local proibido de subir


A obra dirigida por Keith Maitland consegue emocionar apresentando depoimentos daqueles que estavam lá e vivenciaram os piores 96 minutos das suas vidas. A princípio, o filme pode causar estranheza, pois os entrevistados surgem de forma animada como eram tantos anos atrás no período do massacre, mas se no início fiquei incomodada com as vozes jovens relatando algo que já fez meio século de ocorrido, quando próximo ao fim seus rostos atuais são revelados, não pude conter a emoção. 

Tower usa de animações e paisagens da época para retratar a tragédia. 


Um dos relatos mais comoventes é de uma estudante que estava já na reta final da gravidez e ao sair da cafeteria da Universidade com o namorado, levou um tiro na altura do quadril e o rapaz morreu instantaneamente com uma bala na cabeça. O angustiante é que a universitária ficou lá sangrando, sofrendo um tempo enorme deitada no meio do concreto quente, em pleno sol de meio dia sem ser socorrida, pois quem quer que andasse “dando bobeira” no pátio os nos arredores do campus, corria um alto risco de ser mais uma vítima do insano atirador. Outro depoimento impressionante é o de um senhor que trabalhava perto do local do tiroteio e se tornou um heroi nacional ao participar ativamente do fim dessa chacina. Ele simplesmente deu um jeito de ir para o mesmo espaço onde o atirador estava, dando cobertura aos policiais corajosos em enfrentar cara a cara o lunático. 

Esse é um dos pontos altos de Tower, não mostrar apenas as desgraças do dia 1º de agosto de 1966, mas também ovacionar as várias pessoas comuns que criaram uma bravura inesperada no meio do caos. Um grupo de jovens conseguiu depois de muito tempo, resgatar a moça grávida (um dos momentos mais tensos do documentário), inúmeros civis pegaram suas armas que tinham em casa e foram atirar em direção ao assassino e um jornalista fez sozinho, a cobertura ao vivo dos acontecimentos, algo que percorreu o mundo naquele momento. Tower é um longa pesado, violento, mas as animações utilizadas para recriar a dramática situação conseguem de alguma forma trazer uma leveza que não deixa os mais sensíveis traumatizados, apenas ficamos pesarosos por saber que o que aconteceu no Texas, não foi um simples caso isolado, mas talvez o início de todas as horríveis matanças que até hoje tentamos nos recuperar. 


Muito Indico: Tower
Data de lançamento lá fora:  12 de outubro de 2016
Gênero: Crimes Reais, Massacres, Violência, Emocionante
Onde assistir: Netflix
Legenda: LegendasTV

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