Bem, olá, voltando aqui ao
Vício em Documentários após um certo tempo para fazer uma faxina e tirar a
poeira. Juro para vocês que gostaria bastante de me dedicar horrores para este
espaço, mas a vida anda ridiculamente corrida, apesar de sempre ter tempo para
ver meus docs, nem sempre o cotidiano me deixa arrumar uns momentinhos para
escrever por aqui. Enfim, desculpas dadas, gostaria de apresentar a postagem de
hoje, totalmente influenciada pela Semana da Consciência Negra que teve início
ontem, dia 20 de novembro. Eu já vi vários documentários que abordam o tema do
preconceito, o desenvolvimento histórico do racismo e da violência contra as
pessoas negras.
A grande maioria claro,
longas americanos, mas que tocam telespectadores de todas as partes do planeta.
Sempre fiquei com um pé atrás em abordar tais docs por aqui, pois como uma
pessoa branca sinto que meus comentários podem ser um pouco rasos, já que
apesar de me sensibilizar com as histórias contadas na tela e ficar
extremamente chocada e revoltada, não posso e jamais conseguirei entender o que
é sofrer na pele literalmente, a ignorância e crueldade alheia. De qualquer
forma, resolvi fazer pelo menos o mínimo neste espaço e indicar para todos que acompanham
o Vício em Documentários, uma lista pequena, mas bastante impactante dos filmes
já feitos e que retratam de maneira crua, o que é ser negro e discriminado
ontem e hoje em nossa sociedade. Confiram:
·
I Am Not Your Negro – Indicado ao Oscar 2017, o documentário
dirigido por Raoul Peck usa o livro inacabado de James Baldwin, grande escritor
e poeta americano, para destrinchar sobre o racismo nos EUA e examinar as
questões raciais contemporâneas, com relatos sobre as vidas e assassinatos dos líderes
ativistas Medgar Evers, Malcolm X e Martin Luther King Jr. É cheio de
entrevistas curiosas e um dos seus pontos altos é analisar a rivalidade entre
King e Malcom, pois enquanto o primeiro liderava seu ponto de vista de uma
forma mais cristã de vamos ser todos amigos, somos todos irmãos e tal, Malcom X
pregava o contrário e debochava de King, pois para ele o correto seria o início
de uma guerra contra os brancos, pagando no melhor estilo olho por olho, dente
por dente.
Data de lançamento lá fora: 4 de fevereiro 2017
Gênero: Violência, racismo, preconceito, Oscar
Onde assistir: PhilosTV
Legenda: Sim.
·
Quatro Meninas; Uma História Real – Doc de 1997, dirigido pelo grande Spike Lee e que relata um
dos mais perversos crimes raciais da história dos Estados Unidos. Em 1963, pleno apogeu dos movimentos por
direitos civis, uma bomba explode em uma igreja do Alabama matando quatro
meninas negras. Esse documentário produzido com a HBO, ou seja, o selo
de qualidade dele é super alto, tem cenas pesadas, mas que são extremamente
necessárias para que o telespectador entenda como é ilimitada a maldade do ser
humano.
Além de trazer relatos de familiares das jovens que foram brutalmente
assassinadas em um local tão sagrado, também faz ligação com outros casos
igualmente cruéis demais para compreender. Foi neste doc que descobri sobre Emmett
Till, um garoto de 14 anos que em 1955 foi torturado e espancado até a
morte após supostamente, segundo seus assassinos, ter assoviado para uma mulher
branca. Sua mãe teve uma decisão corajosa na época e deixou o caixão do filho
aberto no velório, com as feições totalmente desfigurada, para que a imprensa e
o mundo todo olhassem como é o rosto de uma vítima do racismo.
Data de lançamento lá fora: 9 de julho de 1997
Gênero: Violência, racismo, preconceito,
Onde assistir: HBOGO (Porém esse link tá um lixo e nunca carrega, eu vi baixando e no LegendasTv tem a tradução disponível)
Onde assistir: HBOGO (Porém esse link tá um lixo e nunca carrega, eu vi baixando e no LegendasTv tem a tradução disponível)
Legenda: Sim.
·
A 13ª Emenda – Bem, não existiria a mínima possibilidade
de realizar essa lista sem colocar este supremo doc da Netflix aqui. Dirigido
pela maravilhosa Ava DuVernay, o longa é um dos mais completos que
existe em termos de analisar a fundo, bem a fundo mesmo, a história do racismo
americano. É um documentário que traz inúmeros depoimentos com personalidades
importantes que destrincham principalmente como o fim da escravidão, a 13ª
Emenda Constitucional que leva o nome do filme, é apenas uma fachada se for
levar em conta o número de detentos negros e de outras minorias que são
colocados atrás das grades em números inimagináveis com o simples proposito de serem
capitalizados por corporações lideradas por homens brancos. Sério, um soco no
estômago. Muito indicado mesmo.
Data de lançamento lá fora: 1 de março de 2017
Gênero: Violência, racismo, preconceito,
Onde assistir: Netflix
Legenda: Sim.
·
Um
Crime Americano – Eu tenho maior carinho por esse filme
porque encontrei ele do nada em uma busca pelo FoxPlay e posso garantir que foi
um achado e tanto. Lançado neste ano, o doc relata como Los Angeles ficou de pernas para o
ar após Rodney King, um motorista negro, ser brutalmente espancado por quatro
policiais brancos da cidade após uma perseguição em alta velocidade. Um morador
das proximidades gravou o espancamento da varanda de seu apartamento. Quando a
fita foi levada ao público, os policiais foram julgados e considerados
inocentes, ou seja, foi a última fagulha que faltava para a L.A explodir literalmente em
motins que resultaram em um dos piores conflitos civis da história dos EUA.
Um Crime Americano não é um documentário nos moldes “normais” por assim dizer,
toda a história é narrada com cenas, entrevistas e matérias que foram ao ar na
época. Eu tinha uma leve noção do que foi essa revolta, mas não sabia que tinha
durado tanto e que foi tão violenta, ao ponto de ver civis pegando em armas
para defender seu patrimônio, enquanto a polícia, desculpe a expressão, se
borrava de medo de ir fazer alguma coisa
para pôr fim ao conflito. Apenas incrível e um doc imperdível.
Data de lançamento lá fora: 2017
Gênero: Violência, racismo, preconceito,
Onde assistir: FoxPlay
Legenda: Sim.
·
The
Central Park Five – Outro doc brilhante que eu nem sabia que
era do meu atual ídolo, o diretor homão da porra Ken Burns. Eu vi esse doc há
muito tempo atrás, creio que na GNT e me lembro de ter ficado sem chão com a
triste narrativa e toda a construção do mesmo. The Central Park Five relata
como a vida de 5 rapazes americanos foram negligenciadas por puro preconceito, após serem condenados injustamente
pelo estupro de uma mulher branca no Central Park, em Nova York. É de partir o
coração ver que a juventude deles foi totalmente perdida por culpa de uma mídia
parcial e policiais incompetentes.
Data de lançamento lá fora: Novembro de 2012
Gênero: Violência, racismo, preconceito,
Onde assistir: Galera esse eu peço ENORMES DESCULPAS pois não encontrei em lugar algum as legendas e a ÉGUA da GNT tirou da grade só Deus sabe por qual motivo, deve ser pra colocar mais programa da Bela Gil cozinhando abobrinha francamente. Mas, fica a torcida, quem sabe um dia a Netflix disponibilize, já que eles gostam dos docs do Ken Burns por lá =/
·
Time: The Kalief Browder Story –
Eu estava pensando em fazer essa lista apenas com 5 indicações, mas achei que
seria uma falta de respeito da minha parte se não abordasse esse surpreendente
documentário produzido pelo Sr. Beyoncé, o talentoso Jay Z. Time: The
Kalief Browder Story é um longa que te deixa mesmo no fundo do poço após
assisti-lo. Apesar de ter sido feito no estilo que eu não sou fã, doc dividido
em capítulos, a vida de Kalief Browder foi muito bem contada dentro do seriado,
trazendo matérias de entrevistas na TV com o rapaz, comentários do próprio,
seus familiares e pessoas próximas. Kalief Browder foi um jovem de 16 anos que
sofreu uma imensa injustiça ao ser condenado por um roubo que não cometeu, mas
que demonstrou enorme integridade ao não aceitar acordo algum que rendesse uma
confissão de culpado e a consequência por colocar a sua dignidade em primeiro
lugar, foi passar 3 anos atrás das grades dentro de uma das penitenciarias mais
violentas do mundo.
Ao sair, após esses anos de abuso físico e mental, Kalief
não era mais o mesmo e tentar reconstruir a vida virou uma missão impossível
para ele, mesmo que contasse com o apoio de pessoas famosas como o rapper Jay Z
e a apresentadora Rosie O'Donnell. Sua mãe encontrou
o seu corpo enforcado do lado de fora da janela do seu quarto e jamais sairá da
minha mente as palavras de Jay Z comentando que acredita que a humanidade
sempre recebe seus mártires, seus messias ao longo do tempo, só não conseguem
distingui-los.
Data de lançamento lá fora: 1 de março de 2017
Gênero: Violência, racismo, preconceito,
Onde assistir: Netflix
Legenda: Sim.
Comentários
Postar um comentário